sábado, 16 de junho de 2007

AMOR ANTIGO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



O amor antigo vive de si mesmo,

Não de cultivo alheio ou de presença.

Nada exige nem pede.

Nada espera,

Mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,

Feitas de sofrimento e de beleza.

Por aquelas mergulha no infinito,

E por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona

Aquilo que foi grande e deslumbrante,

A antigo amor, porém, nunca fenece

E a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.

Mais triste? Não. Ele venceu a dor,

E resplandece no seu canto obscuro,

Tanto mais velho quanto mais amor.

Nenhum comentário: